As regiões brasileiras comemoram o carnaval com manifestações culturais.
O carnaval cariocaAo som de sambas-enredo e marchinhas,a cidade do Rio de Janeiro recebe milhões de foliões em suas ruas, quadras e na Sapucaí
Região: Sudeste
Rio de Janeiro/ RJ
Ritmos predominantes: sambas-enredo e marchinhas de carnaval
História - No ano de 1840, a alta sociedade carioca começou a realizar bailes de carnaval no Rio de Janeiro. Inspirados nas festas que aconteciam na Europa, os encontros eram regados a muita bebida comida e ritmos tipicamente europeus, como a valsa, a quadrilha. Enquanto isso, nas ruas da cidade, milhares de foliões continuavam a brincar o entrudo - festa portuguesa em que foliões fantasiados dançam e jogam limões de cheiro, farinha ou água nas outras pessoas que brincavam.
Algumas décadas depois, começam a surgir os primeiros cordões e os ranchos carnavalescos cariocas, embalados por muitos elementos da cultura negra. As duas manifestações originaram os blocos de carnaval e as escolas de samba da cidade.
Os cordões eram identificados pela figura do "Zé Pereira", originalmente tocadores de bumbo que acompanhavam procissões em Portugal. Esses personagens se espalharam pelo Rio de Janeiro no século 19 e saíam às ruas cantando o refrão "viva o zé-pereira/ Viva, viva, viva!". Foram os precursores do surdo de marcação, usado até os dias de hoje pelas escolas de samba. Conduzidos por um mestre que comandava o instrumental percussivo, todos os participantes do bloco com seu apito, os cordões eram formados por foliões fantasiados de palhaços, diabos, baianas, morcegos e índios.
Os ranchos se tratavam de cordões mais organizados, com mais luxo e refinamento do que os cordões. O instrumental era composto de violões, cavaquinhos, flautas e clarinetas e embalavam mestres-salas, um coro e uma espécie de ala coreografada.
A primeira escola de samba carioca (Deixa Falar) foi fundada no ano de 1928, no bairro carioca de Estácio, centro do Rio de Janeiro. Anos depois, começou a competição entre elas, disputada na Praça Onze. No ano de 1935, as escolas de samba do Rio de Janeiro passam a ser oficialmente reconhecidas e entram na programação oficial da cidade e elas passam a desfilar na Avenida Rio Branco. Em 1962, o Departamento de Turismo da cidade construiu arquibancadas e implantou a venda de ingressos no circuito das escolas de samba. Vinte e dois anos depois, o sambódromo carioca foi inaugurado. O espaço, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, possui 85 000 metros quadrados. As disputas do grupo especial e dos grupos de acesso das escolas de samba cariocas acontecem no mesmo espaço desde então.
Samba-enredo - Como o próprio termo sugere, o samba-enredo é aquele que narra a história que a escola de samba vai apresentar na avenida. O gênero surgiu na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1930 e na mesma década já se popularizou nas quadras das agremiações. De acordo com o livro "Almanaque do Carnaval", o encurtamento dos sambas enredo e a massificação deles foram a base do esvaziamento do papel do samba-enredo durante o desfile. Para alguns críticos, sua função se restringe a mero fundo musical do espetáculo.
Marchinha - Esse gênero musical tem origem nas marchas populares portuguesas e foi o principal ritmo do Carnaval brasileiro da década de 1920 à década de1960. Também chamada de marcha de Carnaval, as marchinhas tiveram a pianista Chiquinha Gonzaga como mãe de composição. As marchinhas atingiram seu auge com as interpretações de nomes consagrados da música popular brasileira, entre eles Carmen Miranda, Dalva de Oliveira, João de Barro, o Braguinha, Noel Rosa, Ary Barroso e Lamartine Babo.
O desfile - No Rio de Janeiro, cada escola do grupo especial possui 82 minutos de desfile e chega a ter 5000 componentes. As escolas têm seus integrantes divididos em alas, e cada ala desfila com a mesma fantasia. Toda agremiação possui uma bateria, composta por aproximadamente 500 ritmistas, que tocam os instrumentos de percussão. Uma ala de baianas, figura tradicional do carnaval carioca, é obrigatória. A escola que levar menos baianas do que o regulamento prevê, inclusive, perde pontos.
O desfile começa com os integrantes da comissão de frente, formado por 15 pessoas em média que vem na frente da escola, em geral com uma apresentação teatral ou coreográfica.
As alegorias, que são os carros alegóricos, são espaços reservados para os destaques, figuras centrais do enredo, os passistas que são os componentes que desfilam "sambando no pé", já que as alas evoluem e não sambam. Algumas alas apresentam coreografias ensaiadas, e atualmente os componentes dos carros também podem apresentar coreografias. Também fazem parte do desfile os diretores de harmonia, que são integrantes responsáveis pela organização do desfile, o casal de mestre sala e porta bandeira, responsáveis pela condução do pavilhão da escola. Todos os componentes devem cantar o samba enredo, liderados pelo cantor oficial da escola, o intérprete.
Os quesitos julgados são: Harmonia, mestre-sala e porta-bandeira, conjunto, evolução, comissão de frente, fantasias, alegoria, enredo, bateria e samba-enredo.
Os blocos de rua - Apesar de o Rio de Janeiro possuir uma tradição muito forte de escolas de samba, o carnaval de rua da cidade também é bastante movimentado. No ano de 2011, aproximadamente cinco milhões de pessoas brincaram pelos bairros do Rio. Embalados pelas tradicionais marchinhas ou por sambas enredo criados pelos compositores de cada bloco, que possui dia e hora para sair, bem como um circuito definido.
Alguns blocos famosos: Banda de Ipanema, Imprensa que eu gamo, Bloco do Barbas, Simpatia é quase amor, Suvaco do Cristo, Cordão do Bola Preta, Cacique de Ramos.
O carnaval baiano
Conheça as origens do carnaval que atrai milhões de pessoas de todo o mundo e mistura ritmos, raças e crenças em um só cenário
Região: Nordeste
Salvador - Bahia
Salvador - Bahia
História - A origem do carnaval baiano é a mesma de todos os carnavais comemorados nas áreas urbanas brasileiras no início do século 20. Blocos, cordões e sociedades carnavalescas existiam em todo o estado. As manifestações mais populares eram concentradas na Baixa do Sapateiro, onde a grande diversão era fazer brincadeiras muito próximas as do entrudo. É na década de 50 que o carnaval baiano começa a tomar a forma que conhecemos hoje - com foliões se divertindo atrás de carros de som, que posteriormente, seriam batizados de trios elétricos.
Trio elétrico é o nome pelo qual é chamado o caminhão adaptado com aparelhos de sonorização com estrutura para shows de aproximadamente sete horas. O carro que deu origem ao que chamamos de trio elétrico hoje foi criado pelos amigos Adolfo Antônio do Nascimento (Dodô) e Osmar Alvares Macedo (Osmar), no ano de 1950. Osmar, que era proprietário de uma oficina mecânica, decidiu decorar um Ford 1929 com vários círculos coloridos, como se fossem confetes e colou uma placa com os dizeres "Dupla elétrica". Dodô montou uma fonte que foi ligada à corrente de uma bateria de automóvel, que alimentava o funcionamento dos alto-falantes instalados no carro. A dupla saiu no domingo de carnaval pelas ruas de Salvador e arrastou milhares de folião. No ano seguinte, a dupla convidou um amigo para formar um trio, o "trio elétrico".
A partir de então, novos trios elétricos surgiram no carnaval de Salvador. Nessa época, os músicos ainda tocavam em cima de caminhonetes, em estruturas bem diferentes dos trios atuais. Na década de 60, a Prefeitura de Salvador começou a promover concursos de trios elétricos, assim, os desfiles dos trios se tornava tradição na Bahia. Isso permitiu que no decorrer dos anos, os carros fossem aperfeiçoados e já na década de 80 existiam trios com palcos giratórios e elevadores automáticos.
No início da década de 1990, o carnaval de Salvador passa a ser profissionalmente comercializado e atrai dezenas de patrocinadores, sem necessitar tanto do aporte da Prefeitura de Salvador. A partir de então, novos ritmos passaram a fazer parte da festa, como o pagode e a música afro.
Para organizar o público de cada bloco carnavalesco e tornar os trios economicamente rentáveis foram criados os abadás, camisas identificadas com os nomes e cores de cada bloco, que dão direito aos foliões brincar dentro das cordas.
Para organizar o público de cada bloco carnavalesco e tornar os trios economicamente rentáveis foram criados os abadás, camisas identificadas com os nomes e cores de cada bloco, que dão direito aos foliões brincar dentro das cordas.
Aos foliões que não possuem abadá também é dado direito de brincar o carnaval. Batizados de pipoca, esse público curte o carnaval do lado de fora dos trios e pode acompanhar o artista de sua preferência ao longo do circuito. Existem três circuitos principais.
Ritmos predominantes - Axé e afoxé
Ritmos predominantes - Axé e afoxé
Axé music
Axé music, a partir da década de 90, os baianos adotaram o estilo musical como trilha sonora dos preparativos para o Carnaval. O ritmo representa a união entre vários estilos (afro, frevo baianos, samba). Nomes como Daniela Mercury, Margareth Menezes e Luiz Caldas ajudaram a projetar o axé music para o Brasil todo. O ritmo rapidamente se espalhou pelo país todo (com a realização de carnavais fora de época, as micaretas), e fortaleceu-se como indústria, produzindo sucessos durante todo o ano.
Afoxé
De origem iorubá, a palavra afoxé poderia ser traduzida como "a fala que faz". Para alguns pesquisadores seria uma forma diversa do maracatu. Três instrumentos básicos fazem parte desta manifestação. O afoxé (ou agbê), cabaça coberta por uma rede formada de sementes ou contas, os atabaques, e o agogô, formado por duas campânulas de metal. As melodias entoadas nos cortejos dos afoxés são praticamente as mesmas cantigas entoadas nos terreiros afro-brasileiros que seguem a linha jexá. O Afoxé, longe de ser, como muita gente imagina, apenas um bloco carnavalesco, tem profunda vinculação com as manifestações religiosas dos terreiros de candomblé.
Como se comemora -Durante o Carnaval, a cidade de Salvador costuma receber mais de dois milhões de turistas vindos de todo o mundo. A festa é dividida em três circuitos - Osmar (Campo Grande), Dodô (Barra-Ondina) e Batatinha (Centro Histórico), mas há também palcos alternativos com atrações de rock, hip hop, música eletrônica e samba. Trios dos mais variados estilos se intercalam nos três circuitos principais - atrás de um trio elétrico de uma banda de axé pode vir um bloco afro, um afoxé. Em Salvador, a folia dura seis dias, começando numa quinta e indo até a terça de Carnaval. Em 2005, o evento foi eleito pelo Guinness Book o maior carnaval de rua do mundo, com 2 milhões de foliões.
Frevo, maracatu e bonecões distribuídos pelas ladeiras de Pernambuco embalam o tradicional carnaval do estado
Região: Nordeste
Olinda, Pernambuco
Olinda, Pernambuco
Carnaval de Olinda
Ritmos predominantes - frevo e maracatu
Ritmos predominantes - frevo e maracatu
Maracatu
Existem dois tipos de maracatu, o de Baque Virado, também conhecido como Maracatu Nação, e o de Baque Solto, também chamado de Maracatu Rural. O registro mais antigo que se tem sobre o Maracatu de Baque Virado data de 1711, mas sua origem é incerta. O que se sabe é que ele surgiu em Pernambuco e vem se transformando desde então. A manifestação tem relação com o candomblé (religião de matriz africana) e com a coroação de escravos negros, antiga estratégia de dominação desse povo pelos colonizadores. O ritmo é marcado por instrumentos de percussão e a dança se desenvolve num cortejo que conta com rei, rainha e toda uma corte simbólica. Já o Maracatu Rural não tem vínculo religioso e se associa ao folclore pernambucano. As personagens principais dessa manifestação são os caboclos de lança, representados por trabalhadores rurais que com as mesmas mãos que cortam cana, lavram a terra e carregam peso, bordam suas fantasias e tocam o ritmo acelerado da música.
Existem dois tipos de maracatu, o de Baque Virado, também conhecido como Maracatu Nação, e o de Baque Solto, também chamado de Maracatu Rural. O registro mais antigo que se tem sobre o Maracatu de Baque Virado data de 1711, mas sua origem é incerta. O que se sabe é que ele surgiu em Pernambuco e vem se transformando desde então. A manifestação tem relação com o candomblé (religião de matriz africana) e com a coroação de escravos negros, antiga estratégia de dominação desse povo pelos colonizadores. O ritmo é marcado por instrumentos de percussão e a dança se desenvolve num cortejo que conta com rei, rainha e toda uma corte simbólica. Já o Maracatu Rural não tem vínculo religioso e se associa ao folclore pernambucano. As personagens principais dessa manifestação são os caboclos de lança, representados por trabalhadores rurais que com as mesmas mãos que cortam cana, lavram a terra e carregam peso, bordam suas fantasias e tocam o ritmo acelerado da música.
Frevo
Muito mais do que apenas um ritmo, o frevo é uma manifestação cultural genuinamente pernambucana que mistura música e dança. O frevo surgiu na cidade de Recife no seio das classes trabalhadoras, que no final do século 19 se organizavam em agremiações carnavalescas conhecidas como "clubes pedestres". Esses grupos passaram a ocupar os espaços urbanos antes dominados apenas pelos chamados "clubes de alegoria e críticas", que abrigavam as oligarquias locais e pretendiam mostrar um carnaval culto, no qual não havia espaço para os pobres.
Muito mais do que apenas um ritmo, o frevo é uma manifestação cultural genuinamente pernambucana que mistura música e dança. O frevo surgiu na cidade de Recife no seio das classes trabalhadoras, que no final do século 19 se organizavam em agremiações carnavalescas conhecidas como "clubes pedestres". Esses grupos passaram a ocupar os espaços urbanos antes dominados apenas pelos chamados "clubes de alegoria e críticas", que abrigavam as oligarquias locais e pretendiam mostrar um carnaval culto, no qual não havia espaço para os pobres.
História - A história do carnaval de Olinda se confunde com a história da folia no Recife, capital de Pernambuco. A configuração atual do carnaval de Pernambuco é relativamente recente, que foi marcado pelo surgimento de agremiações como o Clube Carnavalesco Misto Lenhadores (1907), e o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas (1912) - ambos ainda presentes nos carnavais da atualidade.
O carnaval de Olinda, especificamente, preserva as tradições da folia pernambucana. Todos os anos, pelas ruas e ladeiras da Cidade Alta desfilam centenas de agremiações carnavalescas e tipos populares, que mantêm vivas as genuínas raízes da mais popular festa do Brasil. São clubes de frevo, troças, blocos, maracatus, caboclinhos, afoxés, cujas manifestações traduzem a mistura dos costumes e tradições de brancos, negros e índios, base da formação da cultura brasileira.
Em 1977 o carnaval de Olinda se tornou eminentemente popular. Nesse ano, foram abolidos da folia olindense a comissão julgadora, a passarela e o palanque das autoridades, elementos considerados cerceadores da plena participação popular, o que lhe garantiu através do tempo o título de "Carnaval Participação". Hoje, mais de um milhão de pessoas vindas de todo o mundo lotam as ruas e ladeiras do Sítio Histórico da cidade em busca da efervescência e da alegria da festa. Uma folia alimentada por cerca de 500 agremiações carnavalescas locais e de outros municípios pernambucanos.
Em 1977 o carnaval de Olinda se tornou eminentemente popular. Nesse ano, foram abolidos da folia olindense a comissão julgadora, a passarela e o palanque das autoridades, elementos considerados cerceadores da plena participação popular, o que lhe garantiu através do tempo o título de "Carnaval Participação". Hoje, mais de um milhão de pessoas vindas de todo o mundo lotam as ruas e ladeiras do Sítio Histórico da cidade em busca da efervescência e da alegria da festa. Uma folia alimentada por cerca de 500 agremiações carnavalescas locais e de outros municípios pernambucanos.
O desfile - Em Olinda a festa do frevo é eminentemente democrática e popular, características que se evidenciam na convivência harmoniosa do frevo com outras manifestações culturais da cidade, como o maracatu. Uma festa que, a cada ano, se torna ainda mais participativa graças à disposição do governo de Olinda de resgatar as características culturais e ampliar a integração popular de uma das maiores manifestações coletivas do Brasil.
Dentre os elementos característicos da folia olindense estão os bonecos gigantes, dos quais todo ano são criados novos tipos, e hoje já são mais de uma centena desfilando nas ruas e ladeiras da cidade. Esses bonecos são uma herança europeia e têm sua origem nas procissões do século 15, nas quais os bonecos acompanhavam os cortejos religiosos. O primeiro boneco a sair às ruas de Olinda foi o Homem da Meia-Noite, que anima a folia desde 1932. Os tipos populares também sempre desfilam pelas ladeiras de Olinda. A cada ano, eles representam personagens inspirados tanto nos noticiários, como nos mais tradicionais costumes, carregando em suas fantasias a crítica social tradicionalmente presentes no carnaval da cidade.
O carnaval é aberto a todos; não existe cobrança de ingressos ou necessidade de abadás. Desde cedo, crianças são trazidas pelos pais para participar da festa; de outro lado, pessoas da terceira idade retornam à juventude e também caem na folia. Em Olinda, os festejos são protagonizados pelo povo. Não existem sambódromos na cidade: todas as ruas são tomadas pelo povo. Não há trios elétricos em Olinda: a animação e o ritmo são mantidos pelos populares, que formam grupos de todos os matizes, com variados instrumentos e tocando as músicas que desejarem. Não há programação no carnaval de Olinda: há apenas um dia para começar e outro para terminar; há blocos que ficam até tarde da noite, outros que saem no começo da manhã. Considerado o maior bloco do mundo, o Galo da Madrugada arrasta 1,5 milhão de pessoas para o centro do Recife.
Um dos elementos mais tradicionais do folclore brasileiro é comemorado há mais de 200 anos em São Luís do Maranhão
Região: Nordeste
São Luís - Maranhão
Bumba-meu-boi
História - A festa do Bumba-meu-boi, uma tradição que se mantém desde o século 18, arrasta maranhenses e visitantes por todos os cantos de São Luís. Em homenagem ao protetor do auto, São João, a festa acontece principalmente entre os meses de junho e julho, mas há muitos eventos fora de época que ocorrem durante todo o ano. O enredo do Bumba-meu-boi conta a história de Pai Francisco, um escravo que, para saciar o desejo de sua esposa grávida por uma língua de boi, mata o gado de estimação do senhor da fazenda. Percebendo a morte do boi, o senhor convoca pajés e curandeiras para ressuscitar o animal. O boi volta à vida e a comunidade festeja.
Essa história é um retrato das relações sociais e econômicas vigentes naquela região no período colonial. O nordeste brasileiro vivia da monocultura e da criação de gado, apoiando-se em um regime de escravidão.
Somente na cidade de São Luís, capital do Maranhão, existem mais de cem grupos de Bumba-meu-boi. Cada um deles tem o seu sotaque, ou seja, uma forma própria de se expressar através das vestimentas, da coreografia, dos instrumentos escolhidos e da cadência da música.
Ritmo predominante - Toada
A toada não se trata de um ritmo exclusivamente maranhense. Pode ser composto por melodias de diversos tipos - simples, ora chorosa e triste, ora álacre e buliçosa, ora cômica ou satírica. Em geral, as toadas não são romanceadas, mas possuem estrofes e refrãos.
O desfile - A encenação do bumba-meu-boi maranhense é uma espécie de auto em que se misturam teatro, dança, música e circo. Tradicionalmente realizado no período das festas juninas (em alguns lugares também no Natal e no Carnaval), o bumba-meu-boi encena o rapto, morte e ressurreição do boi uma história de certa forma metaforiza o ciclo agrário. Musicalmente, ele engloba vários estilos brasileiros, como os aboios, canções pastoris, toadas, cantigas folclóricas e repentes, tocados em instrumentos típicos do país, tanto de percussão como de cordas. Os principais elementos do espetáculo são: o boi, o vaqueiro, o donos da fazenda, os músicos e os personagens principais da lenda - Nego Chico e Catirina. O auto do bumba-meu-boi sempre é acompanhado por uma banda musical. Vários ritmos e instrumentos são utilizados: só no Maranhão há mais de cem grupos folclóricos. Em alguns estilos (ou sotaques, como dizem os maranhenses), dá para ouvir até banjos e saxofones. Os instrumentos mais comuns, porém, são os de percussão: tambores, pandeirões, matracas (dois pedaços de madeira batidos um contra o outro), maracás (uma espécie de chocalho) e tambor-onça (tipo de cuíca rústica, de som gravíssimo). O festejo se divide em quatro etapas. Ainda na preparação começa o primeiro estágio, os ensaios. Eles se iniciam no sábado de aleluia e terminam dia 13 de junho, dia de São João, ou no sábado mais próximo dessa data. A segunda fase é o batismo, quando o boi recebe todas as bênçãos do padroeiro da festa. A celebração com brincadeiras em arraiais durante todo o período de festa junina é a terceira etapa. A quarta e última etapa é a morte do boi, que acontece no final do mês de julho e termina definitivamente em outubro.
O Festival de Parintins
Como se comemora a uma rivalidade centenária entre os bois Garantido e Caprichoso
Região Norte
Manaus, AM
Festival de Parintins
Considerado uma das maiores festas regionais do país, o Festival de Parintins não acontece durante o carnaval, mas pode ser comparada às grandes manifestações carnavalescas que acontecem pelo Brasil, por sua importância e grandiosidade. Presente no calendário oficial de eventos de ou Parintins desde 1965, o evento se repete todo mês de junho. O nome do festival é originário do lugar onde ela acontece, a Ilha de Parintins, a 420 quilômetros de Manaus.
Durante o festival é representada uma rivalidade quase centenária entre dois grupos que encenavam nas ruas de Parintins o folclore do boi-bumbá, uma variação do bumba-meu-boi nordestino. Os bois encenam a lenda de Catirina, uma roceira que teve o desejo de comer língua de boi durante a gravidez. Para satisfazer o desejo dela, Negro Francisco, marido de Catirina, mata o boi favorito de seu patrão. Por causa disso, ele foi ameaçado de morte. Um pajé ajuda Francisco e ressuscita o boi.
O boi Garantido, fundado em 1913, foi o primeiro a encenar a lenda de Franscisco e Catirina. Nove anos depois foi fundado o boi Galante, que viria a se chamar Caprichoso a partir de 1925. O Garantido, de cor vermelha, é o boi mais popular, enquanto o Caprichoso, de cor azul, representa a elite amazonense.
Até o ano de 1987, a disputa entre os bois aconteciam no centro de Parintins. No ano seguinte foi construído uma arena, para onde as apresentações foram transferidas. Hoje, o evento recebe cerca de 100 mil pessoas no "bumbódromo" nas três noites de disputa. Diferentemente do que acontece nos sambódromos, apenas 5% dos ingressos do bumbódromo são vendidos, o restante é distribuído de graça para as torcidas dos bois.
Ritmo predominante - Toada
As toadas são cantigas que em geral refletem as peculiaridades regionais do Brasil, ou seja, não se trata de um ritmo exclusivamente amazonense. Pode ser composto por melodias de diversos tipos - simples, ora chorosa e triste, ora álacre e buliçosa, ora cômica ou satírica. Em geral, as toadas não são romanceadas, mas possuem estrofes e refrãos. Até o final dos anos 80, no Amazonas, as toadas eram músicas cujas letras exaltavam o boi e a cultura cabocla parintinense. Na década de 90, a temática indígena que foi introduzida com sucesso no Boi Bumbá de Parintins, ganhou mais força, principalmente com o advento dos rituais indígenas, que se tornaram o ponto alto do Festival. Com o sucesso de tais toadas, o público da capital, Manaus, adotou a toada como símbolo da cultura amazonense.
O Desfile - Cerca de 3 500 integrantes de cada boi desfilam por noite, divididos em 30 tribos (uma espécie de ala de escola de samba). Cada boi possui um mestre de cerimônias, que narra o enredo e as alegorias. O Garantido e o Caprichoso desfilam por três noites, em apresentações que duram duas horas e meia. As coreografias dos bois são ensaiadas durante seis meses nos "currais", espaços equivalentes às quadras de escolas de samba.
Em Parintins, cada boi apresenta cerca de 20 toadas - canções de melodia simples sobre a lenda do boi-bumbá - acompanhados por uma bateria composta por aproximadamente 500 músicos. As alegorias são empurradas por pessoas e podem chegar a 40 metros de comprimento e 12 metros de altura.
Considerado uma das maiores festas regionais do país, o Festival de Parintins não acontece durante o carnaval, mas pode ser comparada às grandes manifestações carnavalescas que acontecem pelo Brasil, por sua importância e grandiosidade. Presente no calendário oficial de eventos de ou Parintins desde 1965, o evento se repete todo mês de junho. O nome do festival é originário do lugar onde ela acontece, a Ilha de Parintins, a 420 quilômetros de Manaus.
Durante o festival é representada uma rivalidade quase centenária entre dois grupos que encenavam nas ruas de Parintins o folclore do boi-bumbá, uma variação do bumba-meu-boi nordestino. Os bois encenam a lenda de Catirina, uma roceira que teve o desejo de comer língua de boi durante a gravidez. Para satisfazer o desejo dela, Negro Francisco, marido de Catirina, mata o boi favorito de seu patrão. Por causa disso, ele foi ameaçado de morte. Um pajé ajuda Francisco e ressuscita o boi.
O boi Garantido, fundado em 1913, foi o primeiro a encenar a lenda de Franscisco e Catirina. Nove anos depois foi fundado o boi Galante, que viria a se chamar Caprichoso a partir de 1925. O Garantido, de cor vermelha, é o boi mais popular, enquanto o Caprichoso, de cor azul, representa a elite amazonense.
Até o ano de 1987, a disputa entre os bois aconteciam no centro de Parintins. No ano seguinte foi construído uma arena, para onde as apresentações foram transferidas. Hoje, o evento recebe cerca de 100 mil pessoas no "bumbódromo" nas três noites de disputa. Diferentemente do que acontece nos sambódromos, apenas 5% dos ingressos do bumbódromo são vendidos, o restante é distribuído de graça para as torcidas dos bois.
Ritmo predominante - Toada
As toadas são cantigas que em geral refletem as peculiaridades regionais do Brasil, ou seja, não se trata de um ritmo exclusivamente amazonense. Pode ser composto por melodias de diversos tipos - simples, ora chorosa e triste, ora álacre e buliçosa, ora cômica ou satírica. Em geral, as toadas não são romanceadas, mas possuem estrofes e refrãos. Até o final dos anos 80, no Amazonas, as toadas eram músicas cujas letras exaltavam o boi e a cultura cabocla parintinense. Na década de 90, a temática indígena que foi introduzida com sucesso no Boi Bumbá de Parintins, ganhou mais força, principalmente com o advento dos rituais indígenas, que se tornaram o ponto alto do Festival. Com o sucesso de tais toadas, o público da capital, Manaus, adotou a toada como símbolo da cultura amazonense.
O Desfile - Cerca de 3 500 integrantes de cada boi desfilam por noite, divididos em 30 tribos (uma espécie de ala de escola de samba). Cada boi possui um mestre de cerimônias, que narra o enredo e as alegorias. O Garantido e o Caprichoso desfilam por três noites, em apresentações que duram duas horas e meia. As coreografias dos bois são ensaiadas durante seis meses nos "currais", espaços equivalentes às quadras de escolas de samba.
Em Parintins, cada boi apresenta cerca de 20 toadas - canções de melodia simples sobre a lenda do boi-bumbá - acompanhados por uma bateria composta por aproximadamente 500 músicos. As alegorias são empurradas por pessoas e podem chegar a 40 metros de comprimento e 12 metros de altura.
Fonte: Nova Escola
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